MERCADO
Na rica tradição africana o mercado /oja, desempenha um papel central e multifacetado, tem suas raízes na antiguidade africana,espaço de trocas e compartilhamentos. Este conceito vai além de simples transações comerciais, sendo um ponto de encontro comunitário onde culturas, ideias e valores são trocados e fortalecidos, centros de vida social e cultural, onde as pessoas se reuniam para celebrar, comunicar e reforçar laços comunitários. Através do mercado, diferentes grupos étnicos e culturais podiam interagir, facilitando o intercâmbio de conhecimentos e tradições.
O mercado é um espaço vibrante onde se entrelaçam comércio, cultura e comunidade.Um território de troca econômica, produtores, artesãos e comerciantes se reúnem para vender seus produtos diversos e artefatos tradicionais. Este aspecto do mercado é vital para a subsistência das comunidades, pois promove a economia local
Além do comércio, o mercado é um ponto de encontro cultural. É onde histórias são contadas, músicas são tocadas e danças tradicionais são exibidas. Este espaço permite a transmissão de conhecimentos e tradições de geração em geração, preservando a identidade cultural do povo.
E um espaço social importante,onde as pessoas se encontram, trocam notícias e fortalecem laços sociais. Este aspecto social é crucial para a coesão da comunidade, promovendo um senso de pertencimento e solidariedade.
Ele também possui uma dimensão espiritual. É visto como um espaço sagrado onde se realizam rituais e cerimônias religiosas. Este aspecto espiritual destaca a interconexão entre o mundo material e espiritual nas culturas africanas.
É um microcosmo cultural, social e espiritual que reflete a complexidade e a profundidade das tradições africanas.
Em muitas culturas, o mercado não é apenas um local de troca comercial, mas também um espaço sagrado onde tradições espirituais são vividas e honradas. No contexto das religiões afro-brasileiras, como o Candomblé, o mercado é um lugar onde a presença dos orixás é reverenciada, especialmente orixás como Exu e Oyá.A presença dos orixás nos mercados evidencia a rica intersecção entre economia e espiritualidade nas culturas afro-brasileiras. Esses espaços não são apenas para a troca de bens, mas também para a celebração de tradições e valores culturais. A reverência aos orixás no mercado reforça a ideia de que a prosperidade e o sucesso estão interligados a uma harmonia espiritual e ao respeito pelas forças divinas.Este reconhecimento do mercado como um espaço sagrado nos convida a refletir sobre a importância de integrar aspectos espirituais em nossas vidas cotidianas, reconhecendo a presença do sagrado em todas as nossas interações e atividades.
Na rica mitologia africana, ÈSÙ/EXU é frequentemente identificado como o dono e protetor dos mercados. Exú é uma divindade do panteão iorubá, conhecido por sua habilidade de comunicação e astúcia, características que se refletem na dinâmica vibrante dos mercados.
Mediador: é visto como aquele que facilita a comunicação entre os deuses e os humanos, assim como entre os próprios seres humanos. No mercado, ele garante que os intercâmbios ocorram de forma justa e equilibrada.
Conhecido por sua natureza travessa, também representa a imprevisibilidade e a fluidez do mercado, onde surpresas e mudanças rápidas são comuns.
Protetor: Como guardião dos mercados, assegura que o espaço seja seguro e próspero, protegendo tanto os comerciantes quanto os compradores.
A presença simbólica de Èsù nos mercados africanos destaca a importância desses espaços na vida cotidiana, não apenas como centros econômicos, mas também como núcleos culturais e sociais vitais para a comunidade.
Oyá, também conhecida como Iansã, é frequentemente associada ao mercado. Sua presença é simbolizada pelo vento que traz mudanças e renovação. No mercado, Oyá é vista como a força que movimenta e transforma, trazendo dinamismo e vitalidade ao ambiente.
Hoje, apesar das mudanças trazidas pela modernidade, o mercado continua a ser um elemento vital nas tradições africanas. Ele se adapta às novas realidades, mantendo-se como um pilar essencial da vida comunitária. Os mercados não apenas sustentam a economia, mas também preservam e celebram a rica herança cultural africana.
Entender o papel do mercado é apreciar a riqueza e a diversidade das culturas africanas em sua totalidade.